O Vício Silencioso: Como A Pornografia Estava Destruindo A Vida Sexual De Um Paciente Meu

Por Matheus Gentile

Como terapeuta especializado em saúde sexual masculina, já acompanhei diversos casos de disfunção erétil, falta de libido e ansiedade de desempenho. Mas um dos casos que mais me marcou foi o de um paciente que chegou até mim completamente frustrado, achando que algo estava “quebrado” nele.

Ele tinha 31 anos, em um relacionamento estável, saudável, e me disse na primeira sessão:

“Com pornografia eu consigo. Mas quando estou com minha parceira… simplesmente não funciona.”

Esse foi o ponto de partida para uma conversa profunda — e infelizmente muito comum — sobre vício em pornografia.


Quando O Estímulo Virtual Substitui O Real

Esse paciente não fazia ideia de que estava lidando com um vício. Ele acreditava que pornografia era algo normal, inofensivo, até saudável. Era um hábito que carregava desde a adolescência — e que havia se intensificado nos últimos anos, especialmente com o fácil acesso a conteúdos cada vez mais variados e extremos.

O problema? Seu cérebro estava condicionado ao estímulo artificial. O prazer e a excitação estavam ligados ao que ele via na tela, não ao toque, ao cheiro, à presença da parceira real.

Esse é um dos efeitos mais traiçoeiros da pornografia em excesso: ela altera a forma como o cérebro lida com o desejo.


O Diagnóstico: Disfunção Erétil Induzida Por Pornografia

Com base na avaliação clínica, identificamos que ele estava sofrendo de algo chamado PIED (Porn-Induced Erectile Dysfunction) — ou disfunção erétil induzida por pornografia. É mais comum do que se imagina, especialmente em homens jovens.

O paciente não tinha problemas fisiológicos. Era saudável, sem histórico de doenças. Mas sua mente já não conseguia associar o sexo real com excitação.


O Processo De Recuperação

A primeira etapa do processo foi educação: ele precisava entender o que estava acontecendo com seu corpo e sua mente. Expliquei como a dopamina, a química do prazer, estava sendo regulada de forma artificial pela pornografia.

Depois, iniciamos um protocolo terapêutico que incluiu:

  • Interrupção gradual do consumo de pornografia
  • Reprogramação do cérebro para se reconectar com o estímulo real
  • Técnicas de respiração, foco no presente e reconexão emocional
  • Trabalho de autoestima e redefinição da masculinidade fora da performance

Foi um processo delicado, mas em poucos meses ele começou a notar melhorias reais: ereções espontâneas voltaram a acontecer, o desejo pela parceira reapareceu e, principalmente, a culpa deu lugar à confiança.


Um Convite Ao Despertar

Esse caso representa milhares de outros. Homens que estão vivendo em silêncio, achando que o problema é com eles, que “não sentem mais nada”, que estão falhando.

A verdade é que a pornografia, quando consumida de forma excessiva e descontrolada, pode sim sabotar a saúde sexual masculina. Mas há saída.

Se você sente que algo está errado, se percebe que só se excita com pornografia, se tem evitado o sexo real por medo de falhar… não ignore os sinais.

Eu estou aqui para ajudar homens a retomarem o controle da própria sexualidade com consciência, respeito e apoio profissional. E o primeiro passo é sempre o mais difícil — reconhecer que você merece viver com plenitude.

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